Conflito entre Irã e Israel afeta logística e exportações em Santa Catarina

Reflexos da crise geopolítica impactam portos, fretes e cadeias de suprimento no estado

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Foto: Reprodução/ Freepik

O cessar-fogo entre Irã e Israel, anunciado recentemente, reduziu momentaneamente as tensões no Oriente Médio. No entanto, os impactos do conflito continuam a afetar cadeias logísticas globais, com reflexos diretos em Santa Catarina — estado que abriga o segundo maior complexo portuário do país e é responsável por cerca de 50% das exportações estaduais, especialmente nos setores de carne de frango, madeira, cerâmica e produtos manufaturados.

Segundo o especialista em comércio exterior Rogério Marin, CEO da Tek Trade e presidente do Sindicato das Empresas de Comércio Exterior de Santa Catarina, os efeitos da crise geopolítica ainda em curso desafiam a competitividade catarinense, com foco nos portos de Itajaí e Navegantes.

Exportações de frango sofrem com alta no seguro marítimo

O impacto mais imediato do conflito foi observado nas exportações de carne de frango. Santa Catarina lidera o fornecimento nacional da proteína e respondeu por 25% do total exportado pelo Brasil em 2024.

Países importadores estratégicos, como Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, enfrentaram elevação nos custos de frete e seguros marítimos, diante do risco de fechamento do Estreito de Ormuz — rota crucial para o comércio global.

Mesmo após o cessar-fogo, os prêmios de seguro permanecem altos. Para Marin, isso pode manter os custos logísticos elevados e afetar a competitividade dos produtos catarinenses no mercado internacional.

Interrupção de rotas e escassez de insumos

A suspensão temporária de rotas comerciais via Dubai também comprometeu a chegada de insumos como fertilizantes, produtos químicos e eletrônicos, impactando diretamente a indústria local e o agronegócio.

Além disso, o desvio de embarcações para trajetos alternativos mais longos sobrecarregou portos na Europa e na Ásia, o que resultou em atrasos no envio de contêineres aos portos catarinenses e aumentou os custos com armazenagem.

No transporte aéreo, fretes mais elevados e a lentidão na retomada de voos regulares dificultaram a importação de produtos de alto valor agregado por aeroportos do estado.

Pressão sobre transporte interno e pequenas empresas

A alta no preço dos combustíveis tem pressionado o transporte rodoviário interno, essencial para o escoamento da produção do interior catarinense até os portos. Pequenas e médias empresas, que formam a base da economia estadual, enfrentam redução nas margens de lucro devido ao aumento dos custos logísticos.

Em 2024, o complexo portuário da foz do Rio Itajaí movimentou cerca de 1,2 milhão de TEUs (unidade padrão de contêineres). Caso o cenário de custos elevados persista, há risco de redução nesse volume em 2025.

Especialista defende medidas estruturantes para reduzir vulnerabilidades

Apesar da trégua no conflito, a instabilidade no Oriente Médio continua sendo um fator de risco para o comércio internacional. Para Rogério Marin, é necessário investir em ações estruturantes para aumentar a resiliência logística de Santa Catarina.

Entre as medidas sugeridas estão a dragagem dos portos de Itajaí e Navegantes e a diversificação de mercados e rotas de exportação. “A resiliência logística se tornou uma prioridade estratégica. Santa Catarina precisa reduzir vulnerabilidades diante de um cenário internacional cada vez mais volátil”, afirma.

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