A cadeia produtiva do tabaco segue desempenhando papel estratégico na economia do Rio Grande do Sul e do Brasil. Combinando características do setor agropecuário e industrial, o segmento se consolidou como um dos principais motores econômicos da região sul do país.
Segundo dados do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), o setor foi responsável por exportações que totalizaram quase US$ 3 bilhões em 2024.
Apenas nos quatro primeiros meses de 2025, o tabaco liderou as exportações gaúchas, com embarques que somaram mais de US$ 900 milhões, superando outros produtos relevantes da pauta estadual, como carne de frango, cereais e farelo de soja.
Emprego e interiorização da economia
O impacto socioeconômico da cadeia do tabaco é expressivo. As indústrias do setor empregam mais de 40 mil pessoas diretamente, concentradas especialmente em cidades como Santa Cruz do Sul e Venâncio Aires, onde está localizado um dos maiores complexos mundiais de processamento de tabaco.
Ao todo, a cadeia produtiva movimenta ainda milhares de empregos indiretos e conta com aproximadamente 626 mil pessoas envolvidas na produção da matéria-prima, distribuídas por mais de 500 municípios brasileiros.
O presidente do SindiTabaco, Valmor Thesing, destaca que o crescimento das exportações — com expectativa de alta entre 10,1% e 15% em 2025, segundo pesquisa encomendada à consultoria Deloitte — representa oportunidades concretas para centenas de municípios, especialmente no interior do Rio Grande do Sul, onde a atividade é uma das principais fontes de renda.
Tecnologia e industrialização
As indústrias instaladas no estado operam com tecnologia avançada, sistemas certificados e altos padrões de qualidade, o que contribui para a competitividade do produto brasileiro no mercado internacional.
O setor também é apontado como um exemplo da integração entre agronegócio e indústria, com reflexos positivos sobre o desenvolvimento regional e a interiorização da economia.
Desafios regulatórios
Apesar do desempenho positivo, o setor enfrenta desafios relacionados ao ambiente regulatório. Um dos principais pontos de atenção é a discussão sobre a proibição dos Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs), que tem gerado debate entre representantes da indústria, autoridades sanitárias e entidades da sociedade civil.
Thesing defende que o país considere a possibilidade de regulamentar o segmento, argumentando que isso permitiria aproveitar a infraestrutura industrial existente e garantir a continuidade da geração de renda e empregos.
Segundo ele, a regulamentação deve ser acompanhada de critérios claros e fiscalização adequada, de forma a compatibilizar os interesses econômicos com as preocupações de saúde pública.