De forma geral, 2024 foi um ano muito bom para quem buscou empreender e investir em franquias. Segundo os últimos dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF), foram mais de 4 mil novas operações de franquias abertas no ano, um crescimento de 12,1% no comparativo com 2023. Entre os principais destaques estão as franquias ligadas ao entretenimento e lazer, que cresceram mais de 15% no período, seguidas pelas franquias de alimentação (14%) e saúde e beleza (12%).
Mas hoje o mercado olha com receio para o aumento recente na taxa de juros, que pode representar uma alavanca contrária para o crescimento do franchising, inclusive do setor produtivo no geral. A alta da taxa Selic, que chegou a 12,25% no final de 2024 e segue com previsões de aumento, pode desmotivar quem deseja adquirir crédito para investir em uma franquia, por representar um aumento significativo no custo da dívida. Esse receio acaba levando novos potenciais empreendedores ao “rendismo” (manter recursos, capital, aplicados visando obter rendimentos financeiros), sobretudo quando a análise é feita apenas considerando o curto prazo, dado que a taxa de juros é algo volátil no Brasil e decidir empreender é uma decisão de vida.
Embora, o momento sugira maior cautela nos investimentos, os empreendedores ainda podem enxergar nas franquias uma oportunidade sólida, capaz de gerar retornos consistentes e superiores aos obtidos por outros tipos de aplicação financeira. Enquanto empreendedor, afirmo que empreender é uma decisão de vida capaz de trazer resultados maiores do que praticamente qualquer tipo de investimento. Aqueles que procuram manter recursos aplicados em fundos que se rentabilizam em função de uma taxa de juros mais elevada, por outro lado, acabam por escolher o caminho mais curto e menos lucrativo.
Ao analisar o setor de franquias, precisamos considerar que ele continua se diversificando e mostrando flexibilidade e crescimento independentemente da economia, uma vez que conta com modelos inovadores que atendem a uma gama crescente de necessidades, como entretenimento, lazer, aluguel de itens e serviços para crianças e pets. Essa diversificação garante que as franquias permaneçam relevantes e acessíveis, muitas vezes se tornando a opção preferida em comparação com negócios não-franqueados.
Ainda que o cenário econômico traga desafios, o setor continua a se destacar pela sua resiliência. Mesmo em períodos de recessão, ele demonstra crescimento contínuo, e as previsões para 2025 indicam uma evolução a dois dígitos, impulsionada principalmente pelos segmentos de estética e alimentação, setores que podem se aproximar dos 18% em crescimento anual já em 2025, de acordo com a ABF.
Mesmo com as adversidades econômicas à vista, as franquias continuam sendo uma alternativa promissora para o empreendedor que busca resultados maiores do que investimentos baseados na taxa de juros. Com resiliência e adaptação, este mercado deve seguir desempenhando um papel fundamental na economia brasileira com oportunidades lucrativas para quem busca resultados no longo prazo.
Sobre o Autor
*Leonardo Pereira Costa é CEO da WeScale, empresa especializada em franchising que oferece uma esteira completa de produtos para apoiar franqueadores a gerar impacto, crescimento estruturado e escalabilidade em seus negócios. Empreendedor reconhecido no mercado, Leonardo é também fundador da Selfit Academias e da Viva Sênior Living, sócio-diretor da NF Empreendimentos, empreendedor Endeavor, cofundador da Liso Laser e membro dos conselhos e acionista das empresas We Burn (presidente), Ease Labs Pharma (presidente) e Oral Unic.