A cotação do dólar registrou queda de 10% frente a uma cesta de moedas globais no primeiro semestre de 2025, o pior desempenho da moeda americana desde a década de 1970.
No Brasil, a moeda opera atualmente na faixa de R$ 5,55, mas analistas projetam que o valor pode recuar para cerca de R$ 5,20 nos próximos meses, refletindo um movimento global de depreciação do dólar.
Tarifas nos EUA e reação dos mercados
A desvalorização cambial ocorre em meio à adoção de políticas protecionistas pelo governo dos Estados Unidos.
O chamado “tarifaço” promovido pela gestão Trump elevou tarifas comerciais para até 50% sobre produtos de países como Brasil, Canadá e membros da União Europeia, o que provocou reações imediatas nos mercados internacionais.
A resposta tem sido um avanço do processo de de-dolarização – investidores estão reduzindo sua exposição à moeda americana e redirecionando recursos para moedas emergentes e blocos regionais.
Com isso, o real tem ganhado força, abrindo espaço para novos ciclos de investimento no Brasil.
Reativação de projetos e melhora no financiamento
Segundo André Matos, CEO da consultoria MA7 Negócios, a queda global do dólar representa uma oportunidade concreta para o setor produtivo brasileiro. “A valorização do real reduz o custo de capital e permite retomar projetos que estavam suspensos”, afirma.
Matos destaca que segmentos como Tecnologia, consumo, construção civil, infraestrutura e mercado imobiliário devem liderar a retomada, especialmente diante da expectativa de cortes nos juros americanos.
A combinação entre melhora no câmbio e redução no custo de financiamento cria condições mais favoráveis para o crescimento empresarial.
Brasil atrai mais capital estrangeiro
O novo cenário também está favorecendo os países emergentes. A política comercial dos Estados Unidos tem gerado incertezas sobre a estabilidade de longo prazo da economia americana, fazendo com que investidores reavaliem suas estratégias.
Nesse contexto, o Brasil volta ao radar como destino atrativo de investimentos.
“Empresas que se moverem rapidamente terão acesso a capital mais barato e poderão consolidar posições estratégicas em seus setores”, analisa Matos. Segundo ele, o momento exige agilidade, pois trata-se de uma “janela curta, mas extremamente relevante”.
Competitividade e reposicionamento da economia brasileira
Apesar das incertezas no ambiente geopolítico global, especialistas veem a atual fase de valorização do real como uma chance rara de reposicionamento estratégico para a economia brasileira.
A tendência pode estimular novos investimentos, aumentar a presença internacional de empresas nacionais e reforçar a imagem do Brasil como destino confiável para o capital estrangeiro.
A valorização do real, nesse cenário, é resultado não apenas da fraqueza do dólar, mas também da capacidade do Brasil de se adaptar e captar os fluxos de investimento gerados por mudanças na ordem econômica mundial.