A tensão diplomática entre o Brasil e os Estados Unidos ganhou novos contornos nesta quinta-feira, após o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva reagir publicamente às tarifas anunciadas pelo governo norte-americano. Em dois pronunciamentos distintos, Lula classificou a medida como uma “chantagem inaceitável” e afirmou que “nenhum gringo vai dar ordens a este presidente”, em referência direta ao ex-presidente norte-americano Donald Trump.
A crise teve início na semana passada, com o anúncio de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, prevista para entrar em vigor em agosto. Trump justificou a medida como resposta ao suposto “tratamento injusto” do Brasil ao ex-presidente Jair Bolsonaro e a práticas comerciais consideradas hostis a empresas americanas.
Em discurso a estudantes em Goiás, Lula declarou que o Brasil continuará com seus planos de regulamentar e tributar plataformas de Tecnologia dos EUA, afirmando que essas empresas atuam como “canal de violência e desinformação disfarçadas de liberdade de expressão”.
Mais tarde, em pronunciamento oficial em rede nacional de TV e rádio, Lula reforçou a defesa da soberania brasileira, criticando a postura dos EUA:
“Esperávamos uma resposta. O que recebemos foi uma chantagem inaceitável, em forma de ameaças às instituições brasileiras e informações falsas sobre o comércio entre Brasil e Estados Unidos”, declarou.
Lula ressaltou que o Brasil sempre esteve aberto ao diálogo e tenta negociar com os Estados Unidos desde maio, quando o governo Donald Trump impôs uma tarifa de 10% aos produtos brasileiros. O presidente classificou de “chantagem” o uso de informações econômicas falsas para justificar as ameaças do governo estadunidense.
“Fizemos mais de 10 reuniões com o governo dos Estados Unidos, e encaminhamos, em 16 de maio, uma proposta de negociação. Esperávamos uma resposta, e o que veio foi uma chantagem inaceitável, em forma de ameaças às instituições brasileiras, e com informações falsas sobre o comércio entre o Brasil e os Estados Unidos”, declarou.
“Traidores da pátria”
O presidente manifestou indignação pelo apoio de alguns grupos políticos ao ataque tarifário do governo Trump.
“Minha indignação é ainda maior por saber que esse ataque ao Brasil tem o apoio de alguns políticos brasileiros. São verdadeiros traidores da pátria. Apostam no quanto pior, melhor. Não se importam com a economia do país e os danos causados ao nosso povo”, declarou.
O Ministério das Relações Exteriores, por meio do chanceler Mauro Vieira, informou à CNN Brasil que Lula está aberto a um diálogo direto com Trump, embora os dois líderes ainda não tenham se reunido oficialmente. Enquanto isso, o governo de Brasília segue dialogando com indústrias e empresas brasileiras afetadas pelas tarifas e já prepara medidas retaliatórias caso as negociações com os Estados Unidos não avancem.
Curiosamente, a crise parece ter tido um efeito colateral positivo: as taxas de aprovação de Lula começaram a subir, com parte da população interpretando a postura firme do presidente como um símbolo de liderança e defesa dos interesses nacionais.
Matéria elaborada com informações da Agencia Brasil. A redação segue acompanhando os desdobramentos diplomáticos, comerciais e políticos da crise entre Brasil e Estados Unidos e seguira atualizando.