Falta de Educação Financeira Afasta Brasileiros da Economia Digital, Aponta Pesquisa

Desconhecimento financeiro aliado à linguagem complexa dificulta o acesso de milhões aos investimentos digitais e limita a inclusão na economia digital

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Foto: Reprodução/ Freepik

A 8ª edição do Raio X do Investidor Brasileiro, realizada pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) em parceria com o Datafolha, revelou dados preocupantes sobre a relação dos brasileiros com investimentos.

A pesquisa aponta que 4 milhões de pessoas no Brasil ainda confundem apostas com investimentos, evidenciando a falta de conhecimento sobre o mercado financeiro.

Apesar de 32 milhões de brasileiros terem conseguido economizar em 2024, uma parcela significativa desse grupo não aplicou o dinheiro poupado, o que indica um grande desconhecimento sobre como investir.

A dificuldade não está no desinteresse, mas na falta de compreensão sobre o que é, de fato, investir, principalmente quando se trata de criptomoedas, um tema que ainda causa receios e dúvidas em grande parte da população.

Desinformação sobre Produtos Financeiros

A pesquisa mostrou que 63% dos brasileiros não conseguem citar espontaneamente nenhum produto financeiro. Além disso, apenas 11% mencionam moedas digitais, mesmo quando estimulados.

Esses números indicam que, apesar do aumento no acesso às plataformas digitais, muitos ainda não entendem completamente as opções disponíveis, o que contribui para a confusão entre investimento e aposta.

Investir, ao contrário de apostar, envolve decisões baseadas em análise, gestão de riscos e planejamento para a construção de patrimônio ao longo do tempo. Já as apostas dependem exclusivamente da sorte e de resultados imprevisíveis.

A confusão entre criptomoedas e jogos de azar distorce conceitos e pode impedir que a população aproveite as oportunidades oferecidas pelos criptoativos, que são ativos financeiros legítimos e baseados em fundamentos e Tecnologia, apesar da volatilidade.

A Complexidade das Criptomoedas

A linguagem técnica usada no universo das criptomoedas também é um dos obstáculos para os iniciantes. Termos como blockchain, wallet, gas fee e staking são frequentemente apresentados sem explicações adequadas, o que dificulta a compreensão por parte do público.

Para Bárbara Rocha, diretora de marketing do Bitybank, o problema não está na falta de interesse, mas na complexidade das explicações. Ela afirma: “Muitos brasileiros desejam diversificar seus investimentos, mas desistem diante de explicações difíceis e pouco práticas, o que evidencia a necessidade urgente de uma educação financeira mais simples e acessível.”

Desconexão com Oportunidades de Investimento

O levantamento também revelou que 68% das pessoas que não planejam investir em 2025 não buscam informações sobre o tema, o que evidencia um grande grupo desconectado das oportunidades do mercado financeiro.

Esse desinteresse, somado ao estresse financeiro de 51% da população, cria barreiras significativas para a entrada na economia digital, mesmo para aqueles que poderiam se beneficiar dela.

Educação e Acesso como Soluções

Por outro lado, aqueles que mais investem são também os que mais se informam. Investidores ativos têm recorrente acesso a plataformas como YouTube, Instagram e portais especializados, além de uma forte adesão a bancos digitais.

Para Bárbara Rocha, a chave para a confiança no mercado cripto está em simplificar o conhecimento financeiro. “Cripto não precisa ser complexo para ser confiável. A educação financeira funciona quando é prática, fácil de entender e aplicar.”

A pesquisa indica que, com cerca de 160 milhões de brasileiros economicamente ativos, o potencial para o crescimento da economia digital no país é imenso. Um grupo identificado no estudo, denominado Economiza e Não Investe, representa 12% da população, com uma média de 34 anos e renda suficiente para começar a investir.

Se apenas parte desse público aplicasse R$100 em criptoativos com segurança e consciência, bilhões de reais seriam movimentados de forma responsável, o que poderia ser um passo importante para a modernização da cultura financeira no Brasil.

A pesquisa evidencia que, embora o interesse por investimentos esteja crescendo no Brasil, a falta de uma educação financeira acessível e de uma compreensão clara sobre o que é realmente investir ainda são obstáculos significativos. Para ampliar a inclusão financeira e permitir que mais brasileiros participem da economia digital, é fundamental simplificar as explicações sobre investimentos e oferecer recursos educativos que tornem esse conhecimento mais acessível a todos.

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