Endividamento atinge mais de 76% das famílias brasileiras e acende alerta sobre gestão financeira

Alta da inflação, juros elevados e uso excessivo do crédito explicam cenário crítico; especialistas apontam caminhos para reorganização das finanças

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Foto: Reprodução/ Freepik

O peso das dívidas continua comprometendo o orçamento de milhões de brasileiros. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada em janeiro de 2025, 76,1% das famílias no país estavam endividadas, ou seja, com contas a vencer.

O dado reforça o impacto do cenário macroeconômico adverso — com inflação acima da meta e tendência de alta nos juros — sobre a estabilidade financeira doméstica.

Segundo especialistas, o problema é multifacetado. Para Daniel Gava, CEO da startup Rooftop, que atua com soluções de liquidez para proprietários de imóveis, o endividamento não se resume à matemática financeira. “Trata-se de uma crise estrutural, que envolve fatores sociais, emocionais e de educação financeira”, afirma.

O uso excessivo do crédito, aliado à ausência de planejamento, tende a gerar um ciclo contínuo de inadimplência. Nesse contexto, Gava defende abordagens inovadoras e conscientes para a reorganização das finanças pessoais.

Dicas para quem busca sair do endividamento

O executivo elenca algumas orientações práticas para consumidores que desejam retomar o controle de suas finanças:

1. Levantamento completo das dívidas e obrigações
O primeiro passo para equilibrar as contas é ter um diagnóstico preciso. Isso inclui listar todas as despesas fixas, pendências e prazos. A organização evita surpresas e fornece uma visão clara da situação financeira.

2. Redução do uso de crédito rotativo e cheque especial
Segundo a Peic, 83,9% dos consumidores endividados utilizam o cartão de crédito como principal meio de pagamento. No entanto, essa modalidade, assim como o cheque especial, está entre as mais caras do mercado. A recomendação é buscar alternativas com juros menores ou opções de parcelamento estruturado.

3. Utilização do patrimônio como fonte de recursos
Para quem possui imóvel próprio, é possível transformar parte desse ativo em liquidez. Modelos como o HomeCash permitem o adiantamento de até 60% do valor do imóvel, com possibilidade de recompra futura. O proprietário permanece no imóvel mediante o pagamento de um aluguel, o que, segundo Gava, pode ser uma solução para gerar caixa sem perder o bem.

4. Cautela na renegociação com credores
Negociar diretamente com empresas credoras pode resultar em acordos desvantajosos. O ideal, de acordo com o especialista, é contar com assessoria qualificada para intermediar negociações, garantindo melhores condições e maior segurança jurídica.

5. Revisão de hábitos financeiros
Além de quitar dívidas, é necessário adotar mudanças comportamentais. Comportamentos impulsivos e gastos desnecessários devem ser revistos. “Mais importante do que pagar o que se deve é evitar contrair novas dívidas”, afirma Gava.

Impacto nacional

A elevada taxa de endividamento afeta não apenas o consumo das famílias, mas também a economia como um todo, ao reduzir a capacidade de investimento e ampliar os índices de inadimplência.

O tema tem sido alvo de atenção crescente por parte de economistas e formuladores de Políticas públicas.

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