Em resposta às sanções, Lula diz que Brasil só negocia com os EUA em pé de igualdade

Em resposta às sanções, Lula diz que Brasil só negocia com os EUA em pé de igualdade Lula diz que Brasil so negocia com os EUA em igualdade

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Em um discurso firme ao Partido dos Trabalhadores realizado na noite de quinta-feira (2), em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que o Brasil está aberto a negociações comerciais com os Estados Unidos, mas apenas se forem pautadas por respeito mútuo e igualdade de condições, afirmando ainda que o Brasil não deve abdicar da busca por alternativas ao dólar como moeda de referência para o comércio internacional. A declaração foi feita em resposta às tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros — uma medida que afeta aproximadamente 36% das exportações nacionais, segundo o governo.

“Eu não vou abrir mão de achar que a gente precisa procurar construir uma moeda alternativa para que a gente possa negociar com os outros países. Eu não preciso ficar subordinado ao dólar”, afirmou Lula. “Estamos dispostos a dialogar, mas o Brasil não se curvará à pressão política”, ressaltou o presidente brasileiro, referindo-se ao aumento das tensões entre os dois países após o anúncio de medidas tarifárias punitivas por parte do governo norte-americano.

Embora o governo dos Estados Unidos não tenha mencionado oficialmente a proposta de substituição do dólar como motivação para as tarifas impostas ao Brasil, analistas apontam que essa pauta, em discussão no âmbito do Brics, está no centro das ações adotadas por Donald Trump.

Durante a Cúpula do Brics realizada no Rio de Janeiro, entre os dias 6 e 7 de julho, Trump criticou duramente o bloco e prometeu retaliar países que optem por abandonar o dólar nas transações internacionais — uma mudança que, segundo especialistas, ameaça a posição privilegiada dos EUA na Economia global.

Durante a convenção nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil não busca confronto com os Estados Unidos, mas reiterou que o país tem interesses estratégicos que precisam ser respeitados. “O Brasil não é uma republiqueta. Queremos negociar em pé de igualdade”, declarou Lula.

Na semana passada, os Estados Unidos decidiram adiar a aplicação de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros — inicialmente anunciadas em resposta ao inquérito criminal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado próximo de Donald Trump. Em vez disso, Washington impôs sanções financeiras contra integrantes do Judiciário brasileiro que supervisionam o caso.

O presidente Lula ressaltou que as instituições democráticas e a independência do Judiciário devem ser respeitadas, e que relações comerciais não podem ser utilizadas como instrumento de pressão política. “Nenhum país tem o direito de interferir em nosso sistema de justiça”, declarou. “O Brasil é soberano e não aceitará intimidações disfarçadas de diplomacia.”

A declaração ocorre em meio ao agravamento das tensões diplomáticas e sinaliza a posição firme do governo brasileiro antes de qualquer possível negociação comercial com a gestão Trump.

Relações diplomáticas permanecem abertas, diz Lula

Apesar das recentes tensões comerciais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil continua aberto ao diálogo com os Estados Unidos. Em discurso, Lula destacou que, embora os EUA já não tenham a mesma relevância econômica de décadas anteriores para o Brasil, a preservação das relações diplomáticas entre os dois países, estabelecidas há mais de dois séculos, continua sendo uma prioridade.

“O Brasil hoje não é tão dependente como já foi dos Estados Unidos. Mantemos uma relação comercial ampla com diversos países. Estamos em uma posição econômica mais sólida. No entanto, reconheço a importância de manter relações diplomáticas com os EUA, que já duram 201 anos”, declarou o presidente.

Lula também assegurou que o governo federal vai adotar medidas para proteger as empresas e os trabalhadores impactados pelas tarifas impostas pela Casa Branca, reiterando que o canal de negociação continua aberto.

“As propostas já foram colocadas à mesa, inclusive pelo vice-presidente Alckmin e pelo ministro Mauro Vieira. Estamos prontos para dialogar quando os EUA quiserem retomar as conversas”, afirmou.

Negociações em andamento

Após a formalização das tarifas, representantes da Secretaria do Tesouro dos EUA procuraram o Ministério da Fazenda para iniciar tratativas. Na última sexta-feira (1º), o presidente Donald Trump sinalizou disposição para conversar diretamente com Lula.

De acordo com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o governo brasileiro deve anunciar, nos próximos dias, um pacote de medidas emergenciais, incluindo linhas de crédito voltadas às empresas atingidas pelo novo tarifaço norte-americano.

– Com informações Agência Brasil

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