Cheque especial: entenda os riscos da linha de crédito

Foto: Freepik

Diante da estabilidade econômica do nosso país, é muito difícil manter um padrão de vida financeira saudável para o cidadão comum.

Por isso, uma alternativa para essa população é a contratação de modalidades de crédito alternativas para poder pagar as contas no fim do mês.

Uma das mais utilizadas pelos brasileiros é o cheque especial, que nada mais é do que uma modalidade de empréstimo pré-aprovado pelo banco e uma das formas menos burocráticas de acesso ao crédito.

Uma pesquisa feita pelo Banco Central mostrou que o cheque especial registrou alta de 22% até janeiro de 2023.

Mas é preciso ter cuidado. Em muitos casos o cliente nem tem consciência de que está usando o cheque especial. Muitas vezes, ao fazer uma compra no cartão de crédito, a pessoa não possui saldo suficiente para realizar determinada transação e, ao invés de o banco recusá-la, acaba “cobrindo” ao emprestar o dinheiro sem ao menos avisar o cliente que ele está usando esse crédito e que, obviamente, há custos envolvidos.

Isso acontece, claro, quando já possui um limite pré-aprovado pela instituição financeira, baseado em seu histórico e relacionamento com o banco.

Segundo um levantamento realizado pelo PROCON-SP, em fevereiro de 2023, os valores dos juros podem chegar a até 150% ao ano.

Considerando que bons investimentos no Brasil podem gerar uma renda de 12%, talvez 15% ao ano, fica clara a discrepância entre o que uma pessoa pode ganhar investindo (isto é, emprestando dinheiro ao banco) e o que ela poderia pagar ao assumir uma dívida com o banco (ou seja, pegando um empréstimo com o banco).

De acordo com o Banco Central, atualmente, uma das linhas de crédito que mais registrou índices de inadimplência é o cheque especial.

Em janeiro, o atraso de pelo menos 90 dias respondia por 13,6% do saldo a receber dentro desta categoria.

Uma boa opção para não cair em dívidas é reduzir o valor do limite do cheque especial, alternativa interessante para aqueles que não têm controle financeiro e preferem não contar com a possibilidade de usar esse recurso, ou até mesmo cancelar esse limite pré-aprovado.

Tais atitudes podem ser efetivas com um simples contato com o banco e podem evitar uma dívida de alto custo para essa pessoa.

Pela simplicidade na operação, a modalidade pode causar superendividamento, já que o cliente pode não se dar conta que contratou o crédito por vários dias ou meses, fazendo com que essa dívida, até então desconhecida, vire uma bola de neve que fatalmente seria considerada impagável por boa parte dos brasileiros.

Dessa forma, a melhor maneira de não cair em uma cilada é entender, primeiramente, como funcionam as taxas e juros da linha de crédito, para que o planejamento financeiro não seja prejudicado.

Ter a maturidade de usar essa modalidade de crédito em situação emergenciais pode ser útil se a pessoa tiver a consistência financeira de não gastar dinheiro em compras por impulso.

Finalmente, ajustar os valores do limite para uma realidade mais próxima do planejamento financeiro dessa pessoa pode evitar a contratação de uma dívida cara com consequências de longo prazo.

Fernando Lamounier (Foto: Divulgação)
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