Banco Central mantém postura agressiva em meio a tarifas dos EUA e pressão inflacionária

Banco Central mantém postura agressiva em meio a tarifas dos EUA e pressão inflacionária Banco Central inflacao

Brasília (DF), 11/07/2025 - Edifício do Banco Central. Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

O Banco Central do Brasil sinalizou nesta terça-feira (6) que manterá uma política monetária firmemente cautelosa, diante do impacto potencial das novas tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos e da persistência das expectativas inflacionárias acima da meta.

A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) confirmou que a taxa básica de juros (Selic), atualmente em 15%, deverá permanecer em patamar elevado por um período prolongado, como parte do esforço para trazer a inflação de volta à meta oficial de 3%.

“O cenário atual prescreve uma política monetária significativamente contracionista por um período bastante prolongado”, destacou o documento.


Impacto das tarifas dos EUA: incerteza setorial e risco macroeconômico

O Banco Central reconheceu que o impacto das tarifas norte-americanas de até 50% sobre produtos brasileiros “ainda não está claro”, mas alertou que os efeitos em determinados setores podem ser substanciais.

“Os efeitos macroeconômicos permanecem incertos e dependerão do rumo das negociações e das percepções de risco do mercado”, afirmou o BC.


Inflação persistente adia cortes de juros

Apesar de indicadores de mercado apontarem para uma leve desaceleração das pressões inflacionárias, o Banco Central mostrou preocupação com as expectativas de inflação desancoradas no longo prazo.

“Não houve alterações significativas nas projeções de longo prazo”, observou a ata, reforçando o compromisso da autoridade monetária com a ancoragem das expectativas.


Crédito em desaceleração e mercado de trabalho resiliente

O BC também relatou sinais crescentes de desaquecimento no mercado de crédito, como reflexo direto do ciclo de juros elevados. Por outro lado, o mercado de trabalho segue resiliente, mesmo diante do aperto monetário.

“É natural observar sinais mistos em pontos de inflexão do ciclo econômico”, registrou a ata, destacando a complexidade de interpretar os dados em meio à volatilidade macroeconômica.


Perspectivas: ajuste gradual, mas necessário

O Banco Central reforçou que o processo de desaceleração da atividade é parte necessária do ajuste para ampliar a ociosidade da economia e, assim, conter pressões inflacionárias.

Com a combinação de riscos externos — como tarifas — e fatores internos persistentes, a autoridade monetária dá sinais claros de que não há espaço para cortes de juros no curto prazo.

“A estabilidade de preços permanece como prioridade, mesmo em detrimento de ganhos de crescimento no curto prazo”, conclui a nota.


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