Aquisição da rede Big pelo Carrefour prejudica a indústria, diz Afrebras

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A recente compra do Big pelo Carrefour – os dois maiores canais de distribuição do país, levantou uma discussão no mercado da pequena indústria.

Um negócio de R$ 7,5 bilhões que exemplifica bem o significado de concentração mercadológica na distribuição de produtos no Brasil.

Quando isso acontece, os abusos são constantes e como um órgão antitruste, pra lá de míope, esse negócio irá prejudicar as pequenas indústrias de bebidas.

Sob a perspectiva do setor de bebidas, tudo que envolve a área é extremamente concentrado, levando alguns exemplos como os fornecedores de embalagens, a indústria de lata, a indústria do pet e do vidro, que têm deixado faltar essa embalagem para os pequenos negócios.

No caso da aquisição da rede Big pelo Carrefour, o problema reside na distribuição de produtos, que ficará cada vez mais acumulada dando poder a apenas uma rede. Sabendo disso, as condições impostas às indústrias serão avassaladoras.

A concentração de mercado no país passou a ser algo comum. Basta observar outros setores como o financeiro, que se resume em cinco instituições, e a própria indústria de bebidas, onde existem quatro grandes grupos que centralizam mais 92% do faturamento.

“É algo que sempre acaba prejudicando os pequenos empresários – da indústria ao pequeno varejista. A exigência desse novo grupo ao adquirir da indústria impõe condições extremamente fora da realidade.”, explica o economista da Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil (Afrebras), Marcelo Júnior.

Há anos o presidente da Afrebras, Fernando Rodrigues de Bairros, vem alertando para o problema da grande concentração que existe no Brasil. Essa situação prejudica a sociedade, pois leva à dependência do consumidor à determinada rede de distribuição, aumenta a desigualdade entre os fornecedores, sem contar outros tantos efeitos da concentração.

Em 20 anos, foi registrado o fechamento de mais de 600 indústrias de bebidas no país. “A consequência da alta concentração de mercado, liderada por Coca-Cola, Ambev e Heineken, é a formação da discrepância concorrencial e do poder econômico”, analisa.

No passado, o mercado de refrigerantes era mais dividido, e pequenas as empresas chegavam a deter mais de 30% do mercado. Hoje, a participação de pequenas e médias indústrias de bebidas resulta em menos da metade.

“Eram mais de 800 fábricas regionais espalhadas por todos os estados. Hoje, esse número não chega a 200. O duro é entender que essa situação não se deu de forma natural, e sim através dos interesses individuais de poucas empresas globalizadas e, o pior disso tudo, o poder público participou e participa ativamente para promover essa concentração”, lamenta Bairros.

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