A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) reuniu-se nesta quinta-feira com representantes (18) da Associação Brasileira dos Exportadores de Mel (Abemel) e da Central de Cooperativas Apícolas do Semiárido Brasileiro (Casa Apis) para debater os impactos das novas tarifas anunciadas pelo presidente norte-americano Donald Trump sobre o mel brasileiro.
O presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, recebeu o presidente da Abemel, Renato Azevedo, e o diretor executivo da Casa Apis, Wellington Dantas, para traçar estratégias de curto, médio e longo prazo diante do cenário. “A produção de mel e própolis é estratégica para o Brasil. É hora de união e cooperação. Vamos construir juntos as alternativas para enfrentar esse novo cenário global”, afirmou Viana.
Segundo Azevedo, cerca de 80% do mel exportado pelo Brasil tem como destino os Estados Unidos. “Dependemos quase integralmente desse mercado. No curto prazo, é essencial negociar prazos e buscar isenções. Mas precisamos pensar a médio e longo prazos, promovendo o mel brasileiro em outros mercados como a União Europeia”, destacou. Ele também reforçou a necessidade de reposicionar o mel nacional: “Temos um produto de altíssima qualidade que precisa ser valorizado internacionalmente.”
Wellington Dantas, da Casa Apis, afirmou que a ApexBrasil será um pilar para ajudar o setor a se reestruturar. “Precisamos do apoio da Apex para dialogar com outros órgãos e avaliar, por exemplo, a possibilidade de absorção interna da produção por meio do Ministério da Agricultura e da Conab.”
Entre as propostas emergenciais está a tentativa de retirar alimentos perecíveis da lista de produtos afetados pela nova tarifa, por conta da dificuldade de redirecionamento imediato para outros destinos.
Impacto para a agricultura familiar
De acordo com o IBGE, o Brasil produziu 64,2 mil toneladas de mel em 2023. A cadeia produtiva é formada majoritariamente por pequenos produtores, muitos deles localizados no Nordeste. A nova taxação pode comprometer diretamente a renda de milhares de famílias.
O gerente de Agronegócio da ApexBrasil, Laudemir Müller, destacou o impacto da medida sobre a agricultura familiar: “Vamos levar ao governo federal o peso que esse setor representa para a economia do campo. Paralelamente, buscaremos medidas internas para mitigar os danos.”
Müller afirmou ainda que a ApexBrasil já iniciou a elaboração de um novo projeto para promover o mel brasileiro — especialmente o mel orgânico — em novos mercados, com possibilidade de flexibilização de normas regulatórias, diante da gravidade da situação.
Ao fim do encontro, Renato Azevedo reafirmou o compromisso do setor com a parceria institucional: “Crises também são oportunidades. Queremos transformar esse desafio em uma chance de fortalecer o relacionamento com a Apex e abrir novas portas para o mel brasileiro.”