31% dos brasileiros recorrem ao cheque especial mensalmente  

Especialistas alertam para o uso recorrente do cheque especial, que afeta 31% da população e contribui para o crescimento do endividamento das famílias brasileiras.

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Foto: Reprodução/ Divulgação

Em um cenário de instabilidade econômica, o uso do cheque especial tem se tornado uma prática recorrente entre os brasileiros.

Dados divulgados pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostram que 31% da população recorreu a essa modalidade de crédito nos últimos 12 meses.

Juros elevados e risco de endividamento

O cheque especial é uma linha de crédito automática oferecida pelos bancos, ativada quando o saldo do cliente é insuficiente. Embora seja de fácil acesso, especialistas alertam que seu uso contínuo pode levar ao endividamento, devido às altas taxas de juros — que, em alguns casos, superam 8% ao mês.

Segundo Renan Diego, educador financeiro, a principal armadilha está na falsa percepção de que o cheque especial é uma renda extra. “Muitos veem esse recurso como uma extensão do próprio salário, sem considerar que os juros embutidos podem comprometer ainda mais o orçamento”, afirma.

Falta de planejamento agrava a situação

A ausência de controle financeiro e planejamento pessoal são fatores que contribuem para a escalada de dívidas. Renan ressalta que a educação financeira é essencial para desenvolver inteligência emocional diante das finanças.

“Muitas vezes, a dívida é resultado de decisões tomadas sem estrutura ou planejamento”, observa.

Dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostram que o endividamento das famílias brasileiras chegou a 77,1% em março de 2024 — um aumento de 0,7 ponto percentual em relação ao mês anterior.

A expectativa é de que esse número continue crescendo, com projeção de alta de 2,5 pontos percentuais até o fim de 2025.

Reserva de emergência como alternativa ao crédito rotativo

Para evitar o uso recorrente de linhas de crédito com juros elevados, como o cheque especial e o rotativo do cartão de crédito, a recomendação é a criação de uma reserva de emergência.

“Mesmo com um orçamento apertado, é possível se organizar para pagar imprevistos sem comprometer a estabilidade financeira”, orienta Renan.

Ele acrescenta que situações como perda de emprego ou redução de renda não precisam resultar, necessariamente, em inadimplência, desde que haja preparação financeira prévia.

Compras por impulso e descontrole emocional

Outro fator apontado como causa frequente do endividamento é o consumo impulsivo. Renan afirma que, muitas vezes, o descontrole emocional leva a decisões financeiras equivocadas.

“Antes de comprar, é fundamental refletir se o item é realmente necessário. Essa simples atitude pode evitar dívidas futuras”, conclui.

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